UMA NOITE DE DOIS GUMES
Com cinco chaves, nenhuma porta.
Com cinco frestas sobre as telhas...
Nenhuma luz convida e são escuras tais velhas
paredes semimortas e nuas.
Se um dia triste filosofa,
construo mitos sobre o riso.
Flores, vícios e um profeta
rasgam a estrada logo em frente.
Sinto a noite que bifurca e pouco me comove.
Um sopro da Lua bastaria
para que se gaste a poesia,
como força que se move,
em cima do patíbulo do dia - um novo cadafalso sem ferrolho,
a velha guilhotina enferrujada,
por gasta a face, em si, vira navalha, dois gumes de uma noite fria.
(Moacir Eduão)
(Moacir Eduão)
Moacir, notei um desalento?
ResponderExcluire todo jeito, seu jogo de palavras, seu raciocínio rápido me encantam.
Queria ter o dom de poder brincar assim, tão seriamente, com as palavras!
Nem tanto desalento quanto todos os impulsos do que me faz vir à escrita. As noites perdidas de sono foram noites escritas com canetas de gelo. O calor as apagarão. Não se preocupe. Se o desalento, por desatenção, trouxer algumas palavras, é nesse idioma que se constitui meu divã. Beijos, Lúcia querida!
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