A diversidade no nosso meio é
algo admirável. Boa sob muitos aspectos, principalmente naqueles que nos fazem
dar saltos de emancipação mental, espiritual e material. A diversidade sã é
aquela que nos permite conviver com tantas diferenças num processo que não
esgarce o tecido social a ponto de sair sangue. Os saltos que damos evidenciam
diferenças exibidas em vitrines quase sempre enfeitadas pelo lado material.
Miséria de um lado, opulência de outro e um meio termo equilibrando precariamente
os extremos opostos.
Por oportunidades, por esperteza,
por esforço próprio e por rapinagem, uns acabam mostrando vitrines mais
prósperas do que outros. Estamos acostumados a achar isso normal, a admitir que
o ser humano é diferente: uns mais, outros menos dotados; uns potencialmente
mais capazes, outros menos. Cai tudo dentro de uma normalidade aceitável. Para
garantir que uns não se apossem sem esforço do que os outros possuem, criou-se
um sistema político e jurídico que quase todo mundo respeita e convive
pacificamente com as regras estabelecidas. Quando há permissão e existência de
debate entre ideias e ideais, vence o argumento que convencer o maior número de
pessoas. Nesse conjunto, ser rico e ser pobre soa quase que como um desígnio, um
destino da humanidade, tal o grau de consenso que existe nas relações sociais.
E em nome dessa diferença muita coisa espantosa faz a gente rir e chorar,
adoecer e sarar, viver feliz ou triste, até morrermos todos e encontrarmos a
igualdade nas cinzas.
A corrida foi combinada, as
regras já estão aí e saímos todos correndo atrás de sobrevivência com
prosperidade e felicidade. Numa reta paralela correm a vida particular, o amor
e a reprodução da espécie. Aqui temos lisura e respeito, sabotagem e enganação,
pois além de pessoas físicas foi inventada uma pessoa metafísica, corporificada
no nome de empresas ou pessoas jurídicas. Isso é o resultado de quem acumulou
bens materiais ou quer chegar lá. É o momento em que se intensificam as
desigualdades. Alguém tem que trabalhar para manter esse status quo da pessoa
jurídica em troca de um pagamento. Há
uma relação de mando, de obediência e de dependência. Quem manda e é dono tem a
concorrência de outros que mandam e também são donos. Quem obedece e depende
tem a concorrência de outros na mesma situação. Se quiserem chamar isso de
classes, não tem problema, fica mais fácil o entendimento. Difícil é aceitar
passivamente. Senão seríamos povo de uma harmonia inabalável.
"E em nome dessa diferença muita coisa espantosa faz a gente rir e chorar, adoecer e sarar, viver feliz ou triste, até morrermos todos e encontrarmos a igualdade nas cinzas."
ResponderExcluirÉ isso, Cacá. Melhor levar na filosofia, pois viver é mesmo complicado.
Abraço!