sábado, 22 de outubro de 2011

Todo dia é da criança

 As coisas não estão passando depressa demais? (Uma pergunta recorrente em minhas postagens).
Crianças não estão pulando etapas da vida? As meninas estão calçando salto alto desde os 3 anos de idade.
Meninos não brincam mais de carrinho e fazem "vrum, vrum", com a boca, espargindo saliva pra todo lado.
Meninas não querem mais bonecas caladinhas, que fecham meigamente os olhinhos. Hoje eles são, mesmo em bonecas caras, a maioria das vezes pintados, imóveis, sem graça, a boneca não está nunca pronta pra deitar e dormir.
Brinquedo tem que ser eletrônico, barulhento, cheio de mecanismos que estragam no segundo dia de uso, ou num segundo.
As Barbies vão ao salão de beleza, à praia, ao haras, às compras, todas paramentadas, esvoaçantes, lindas, magras e loiras. (Sei, tem as castanhas, algumas. Poucas.)
Brinquedos pedagógicos só para os bebezinhos pois estes não entendem nada.
Não está ficando chato demais o mundo infantil? Ou está ótimo, com crianças de 4 anos já manuseando celulares, computadores, laptops coloridos, próprios para eles?
Festas infantis só se forem daquelas onde se gasta bravamente, a maioria se endividando, em mega-salões cheios de pula-pulas, mini rodas-gigantes, mini-carroceis, trenzinhos aéreos, paredes escaláveis, tirolesas, castelos infláveis cheios de subterrâneos, recreadores atentos ou não, tomando conta das crianças, (mas ai se os pais não estiverem por perto) e tanta coisa, mas tanta novidade, que as crianças saem dali cansadas e ansiosas para que a sua festa seja igual ou melhor que aquela. 
E as roupas, a moda infantil? Os preços são de rir, de apavorar! 
Cadê os tênis que a criança usava o ano todo (quando os pezinhos já pararam de crescer de uma semana pra outra)? 
No mês onde há o dia dedicado às crianças, dá pra pensar o que se tornou a vida para esses pequeninos.
Não mais vivem a fase da descontração, dos não-deveres. 
Com as mães trabalhando fora, as crianças se levantam cedo demais, seja para ir para a creche, a escola, a casa da avó e o dia é todo de afazeres. Para os que ficam em escolinhas período integral, há as horas de estudo, os intervalos, e as horas dos deveres de casa, da natação, do balé, do judô, do...da... e por aí vai o dia.
Crianças em ônibus ou carros, cansadas, de volta pra casa, onde chegam com uma mãe estressada, ainda com mil coisas pra fazer. 
E dá-lhe um banho rápido, um sanduiche esperto, e lá vai a criança pra cama, ou pra frente da TV, ou do computador, até a hora que não dá mais e os pais estouram e vai a criança pra cama, querendo ou não.
Há exagero no que falei. 
Há mães centradas, que se organizam, que têm marido prestativo e ajudante, que minimizam os afazeres, que ainda sentam para contar historinhas, que preparam comidinha saudável, etc., etc.
Mas grande parte das crianças estão perdendo a beleza da infância, que é a única época da vida onde as preocupações não fazem parte do cotidiano.
É preciso deixar a criança ser o que ela é e esperar que aprenda cada etapa no tempo certo.
Hoje se fala tanto em bullying praticado por crianças e me pergunto se mudou o mundo ou mudaram as crianças? Onde aprenderam, tão cedo, a serem más, a discriminar um colega? Não é sinal dos tempos, é excesso de informações fora da hora e pais que nada escondem dos filhos e a criança acaba tendo no adulto o modelo a copiar, em sua pior manifestação.
Criar filho é coisa séria, a responsabilidade é muita.
Fala-se tanto em não deixar que morra a criança que há em nós, mas não podemos é deixar que nossas crianças entendam o mundo tão cedo, tão radicalmente, tirando delas o tempo para ser feliz.
A vida era melhor quando a criança acreditava em histórias da carochinha. Quando tinham medo do "bicho-papão". Quando se comportavam, senão "o homem do saco" as levava embora...
Quando se achava que tudo acabava bem e todos eram felizes para sempre.

13 comentários:

  1. Oi Lúcia!
    Obrigada pelas palavras carinhosas em meu blog! Ando pensando em ir para o facebook, quando e se for te aviso.
    Bom, hoje está uma loucura mesmo para as crianças. É muita parafernália, muita informação e elas ficam no meio disso tudo tentando ter tudo e cada vez mais cedo deixando o mundinho cheio de fantasia e inocente que lhes são próprios. Aquelas brincadeiras interativas deram lugar a individualidade dos brinquedos eletrônicos. Nooossa como meus filhos brincaram! Tenho pena das crianças de hoje.
    Beijos e um super fds!

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  2. Lúcia, nem preciso dizer que você tem razão em tudo o que disse, pois já me conheces e sabes que sou do tipo que, criança tem que ser criada pelos pais e com tempo qualificado.
    Criança deve ser criança, pois acabam perdendo logo cedo a essência da descoberta dia a dia.
    10 para post.
    Xeros

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  3. Lúcia, concordo com tudo que vc falou... Estão obrigando a criança crescer logo, virar mocinha ou mocinho e eles não estão preparados pra isso.
    Eu lamento muito tudo isso.
    E festa de criança eu gostava era do preparo, da ansiedade dela ficar vendo eu fazer tudo, aquela felicidade que não tem preço.
    É Lúcia, tá acabando tudo...
    Pena..

    Beijosss

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  4. Lúcia,
    Tudo muito verdadeiro.
    Há fatos que têm que ser aceitos, como o da saída da criança de casa para ficar na escola, creche ou casa da avó. São poucas as mães que podem ficar em casa, dando atenção integral para os filhos.
    Mas o pulo das etapas pode muito bem ser evitado. Crianças usando sapatos de salto, indo a salões de beleza, tendo seu prórprio celular, e muito mais.
    Realmente os pais precisam acordar, e ver o que devem fazer para que suas crianças tenham vida de criança.
    Beijo.

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  5. E vc fez um raio X assustador da infância no limiar do século XXI! Não tem nem muito o que dizer, apenas muito a lamentar!

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  6. Que lindo e concordo que a magia era bem maior!!1 Um lindo domingo,beijos,chica

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  7. Lúcia, é dificel descobrir onde foi que erramos ou melhor, dificel é assumir: o tempo vai passar e, lá em frente mães e pais vão chorar pelo tempo não vivido com os filhos... Corremos em busca de algo maior e melhor para a familia. Mas este maior e melhor é material. E o outro lado? Quem cuidará?

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  8. Olá Lucia Tudo bem?
    Realmente, as crianças não são como as de antigamente, vejo meu filho, o interesse dele é mexer no teclado do computador , pegar o celular e falar "alô", não liga para os carrinhos, brinquedos, isso pq ele só tem 1 ano e 5 meses, ele tbm gosta muito das chaves do carro, pra ele é uma festa e tanto, a minha sorte é q eu ainda cuido dele mesmo aqui no trabalho , pq ele fica com minha mãe, uma bençaõ, mas vejo colegas q saem cedo e já deixa na creche, ou com os avós e só chegam , de tardezinha já cansadas , e as vezezs sem paciencia com os pequenos.Infelizmente não sao todas as mães q podem cuidar dos filhos, devido ao trabalho, como era antes , lembro q minha mãe não trabalhava~só cuidava da casa e de nós (3 Irmas).Mas enfim , vejo as crianças cada vez mais avançadas...
    Um abraço Lucia Saudades!!!! bjs boa semana...

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  9. Concordo plenamente, Lucia, aliás, este "tempo antagônico" é o tema que escolhi para a minha formatura (no final do ano).
    Bonitinho é o jeito que a prof do meu sobrinho de 3 anos adota com a turma: se fizer "bobagem" ela coloca "pra pensar". E ele repete que a prof colocou ele "pra pensar" porque ele fez "bobagem". Muito legal!
    Ajuda a criar comprometimento (ação e reação, causa e consequencia).

    bjnhs, querida!

    PS: hau, hau, hau: desde o 1º parágrafo, sabia que o texto (reflexão profunda)era seu, o estilo vem assinado antes da assinatura.

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  10. Oi Lucia, assino embaixo.
    Tenho pensado muito nestes dias em como éramos felizes qdo líamos as estorinhas da carochinha e que hoje ninguém quer mais ler.
    Como nós adultos estamos passando uma educacao fria pautada no egoismo.

    Minha filha de 7 anos está lendo nestas 2 semanas de férias de outono, as estorinhas da carochinha. Chapeuzinho vermelho, Cinderela, Joao e Maria e ela tem se deliciado.
    Eu ainda posso influenciar nas suas leituras, por isso, aproveito este tempo para usar em favor dela o que ainda existe de bom.

    Outro dia ela me perguntou qdo ela poderia usar saltos altos como a filha do Tom Cruise que ela viu na TV uma reportagem. E eu disse a ela que qdo ela estivesse do meu tamanho, seria um bom tamanho para ela usar os saltos altos como eu os uso. Ela nao precisou me perguntar mais. Recebeu a resposta e a explicacao e o assunto morreu ali.

    Educar dar trabalho e eu muitas das vezes sou tida como muito besta porque sou daquelas maes que cuida dos filhos e nao a babá que alias nao temos.

    Parabéns por mais um texto cheio de sabedoria.

    Bjao

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  11. Oi Lucia!
    Rá, eu vim atraz de vc....
    Olha, bem legal o post, realmenta as crianças de hoje, não são mais como antigamente, mas eu tento fazer os meus ver como era gostoso subir em arvores, brincar de cavalo de pau, tomar banho de córrego, sempre!

    Mas amiga, há dias queria falar com vc.... Vi o que vc escreveu sobre mim em agradecimento no seu outro blog de Amor e de... (aliás, vc fechou mesmo ele?) fico muito lisongeada...mas ao mesmo tempo fiquei triste pq vc se deixou te podarem.... mas emfim cada um sabe de sua vida né? Lá vc fala que é brava as vezes, etc etc... todas nós somos assim, temos momentos dificeis e as vezes somos ásperas... ninguém é 100% o tempo todo, e ninguém agrada todo mundo amiga! Volte! afinal o blog nos ajuda tanto a mudar nossos comportamentos, ver de forma diferente...ki tal?

    Pense nisso tá? e ó, fiquei muito feliz em te ver comentando no post de hoje!

    beijos

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  12. Querida, abri o blog pra procurar suas news e vi o que eu acho que possa ser um problema: abriu o site de... uma vidente.
    Será que tem bug aí? Melhor dar uma olhadinha, né?

    bjnhs e ótimo final de semana

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  13. Olá, querida Lúcia
    Apesar de estarem com games e 'smarts'... conhecem o homem do saco e o bicho papão bem, como todas as historinhas infantis... porque nós, avós, precisamos perpetuar os bons costumes que nos levam a sermos eternas crianças...
    Bjm fraterno

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