Riscos

Final de semana esquisito. Ela está em uma casa estranha. As pessoas a sua volta parecem loucas. Ou seria ela que teria enlouquecido. Não sabemos. O que ocorre é que agora ela se sente angustiada. Muito angustiada.
Chegou nesse lugar a convite de um amigo. Foi de carona, não sabe dirigir. Seguir um caminho por sua própria responsabilidade parece-lhe um risco.

Viver é correr riscos, e algumas vezes ela deixa de viver, para se prevenir de acidentes.
Mais cedo ela estava bem, fez compras, escolheu presentes. Sabia exatamente o que gostaria de comprar e o que não seria interessante. Sabia ver as coisas e relacioná-las com as pessoas que ela gosta.

Só não sabia como lidar com pessoas depressivas. Irritava-se facilmente com lamentações alheias. Pessoas que se colocam como vítimas e não sabem enxergar nenhuma solução para os problemas. Olham para uma pedra e só enxergam uma pedra. São incapazes de ver uma poesia no meio do caminho.
Existem pedras que viram poesias, mas isso dependerá do olhar de quem as vê.

Viver é angustiante. Quem nunca sentiu medo de seguir seu próprio caminho? Sentiu dificuldade em assumir os riscos de suas escolhas? Sentiu-se pequeno diante dos desafios que havia para enfrentar? Pois viver é uma mistura infinita de angústias que só cessam num suspiro final. A questão está no modo como vamos enfrentá-las. Se iremos deixá-las tomarem conta de nós, feito problemas e doenças; ou se iremos transformá-la em arte, feito essa prosa aqui.