segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Até mais...



Tive um curto período de férias das quais me roubaram 40 horas num curso de atualização realizado em meu trabalho que seria complicadíssimo recusar. A turma era boa, conheci novas pessoas e a professora cativante, nada tenho a reclamar quanto à metodologia e didática ministrada. O tema não se enquadrava em minha área de atuação, mas era perfeitamente possível estabelecer uma ponte entre a proposta teórica e prática para o meu cotidiano de trabalho.

O que mais me desnorteou foi perder meus dias livres que seriam totalmente dedicados a leitura, escrita, filmes e talvez até alguns passos de dança.

Morar em uma cidade pequena pode trazer imensa tranquilidade, mas também grandes problemas. Parece que as pessoas não sabem elucidar o tempo de ócio e transformam tudo em um negócio com o ar mais puritano de bem feitor, sempre prestes a ajudar nas ações comunitárias e frequentar a igreja semanalmente.

Tenho pensado porque me refugio tanto nos livros, mais do que um vício a atividade se tornou uma compulsão... Lê-los me é tão necessário quanto comer, dormir e respirar. Se fossem voltados para minha área de trabalho e, o que é pior - raramente o são; e, o que é pior ainda - os livros que leio me fazem pensar em mudanças; e, o que é ainda bem pior – me fazem crer que fiz escolhas equivocadas no passado, embora assertivas.

Voltamos ao curso, já fui muito longe com meus pensamentos e eles começam a me machucar, prometo continuar tal análise numa outra oportunidade. Conheci um garoto e atentem bem para o que chamo de garoto (moço ou rapaz...) em minha concepção pode estar na altura dos 50 anos, e neste caso ele deveria ter uns 25, recém formado em psicologia e iniciava sua vida profissionala a todo vapor.

Conversamos e em pouquíssimo tempo descobrimos boas afinidades literárias, quase atropelávamos as falas um do outro para contar dos livros que lemos em comum, dos nossos autores preferidos e apresentar um ao outro os que desconhecíamos. Afobação total: paulatinamente revelávamos mutuamente os nossos segredos a cada trama que nos apetecia relatar.

Esse moço já tinha me chamado atenção desde o primeiro dia que entrara na sala – estilo despojado, cabelos anelados, pele clara, olhos castanhos e um jeito de falar completamente irresistível, falava como se vivesse em um outro mundo diferente do que eu vivo, com uma calma para organizar e expressar suas reflexões que era fora do comum. Dizia algumas coisas às vezes imaturas e idealistas, mas extremamente graciosas.

Combinou de deixar o cartão dele comigo para mantermos contato, embora intuitivamente ambos prevíssemos que uma futura relação seria extremamente perigosa. Inclusive nos afastamos e evitamos outros diálogos no decorrer da semana, nos limitamos a alguns olhares e um abraço de despedida no último dia de aula dizendo: “Até mais”...

5 comentários:

  1. "... me refugio tanto nos livros, mais do que um vício a atividade se tornou uma compulsão... Lê-los me é tão necessário quanto comer, dormir e respirar."

    Me identifiquei completamente, só me falta um garoto com o qual trocar impressões...

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  2. Giuliara, vi aí um pouco de ficção e outro de realidade.
    Você é tão novinha, aproveita pra fazer mais cursos, "descobrir" novos caminhos. O que é bem real é sua capacidade de escrever textos que prendem a atenção e deixam no ar um gostinho de "quero mais"!
    Beijo e boa semana!

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  3. Menina!!!
    Que delícia seu blog!!!!
    Cheguei aqui procurando pelo vestido Delphos porque estou lendo "O tempo entre costuras" e adorei a postagem sobre o vestido e vários outros posts seus que já li!!!
    Os livros nos proporcionam muitas descobertas maravilhosas mesmo!!!

    Eu também leio diariamente! A cada pouco paro o que estou fazendo e preciso ler algumas frases em um dos muitos livros começados!!

    bjs e boas leituras para você!
    Lia

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  4. O mundo da literatura tem ese condão de nunca nos deixar as inquietações se acomodarem . Vale para as relações pessoais, profissinais, sociais... Abraços, Giuliara. paz e bem.

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  5. Ah, pq ía ser perigoso? Foi tão biitinho! Adoro quando conheço pessoas qaue gostam de mesmas coisas qaue eu. É muito bom falar dos livros que lemos e dos filmes que nos marcaram e comparar percepções. Sem falar que é muito gratificante quando indicamos um livro a uma pessoa e ela passa a gostar tb.

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