sexta-feira, 22 de abril de 2011

SARTRE E BEAUVOIR

Arte: Maurizio Anzeri

Quando se sentaram à mesa no primeiro encontro, sem nunca se terem visto antes, já se conheciam intimamente. Há semanas e semanas.
Enquanto se via ao espelho antes de sair, ela pensou se não teria exagerado no Photoshop. Ele colocou o smartphone à mão, não fosse precisar de repente de recorrer ao Google, caso ela o inquirisse sobre um livro que ele não tivesse lido, ou sobre alguma daquelas pinturas que ela gostava de colocar no "mural" da sua página no Facebook.
Conheciam-se intimamente numa intimidade que não existia.
Ela tinha instalado um programa de citações no iPad, ele tinha lido o Manual do Blefador.
Jantaram num silêncio cúmplice, na sombra das suas personalidades idealizadas.
O verdadeiro saber demora muito. Googlar está ao alcance dum clique. Sartre e Beauvoir só precisam duma conta no Facebook e no Twitter, um smartphone e um iPad...
Já não é preciso ter a fama dum Sartre para se ter sucesso com uma Beauvoir.

7 comentários:

  1. Nos casos atuais é provável que protagonistas desses enconros sequer saibam quem foram Sarte e Beauvoir.rsrs. Sensacional! Abraços. paz e bem.

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  2. Concordo com o Cacá:

    Atualmente tudo é acionado através da tecnologia e provavelmente nesse encontro a filosofia de Sarte e Beauvoir não se fez necessária, afinal como você tão bemdescreveu, existe o orkut, twitter, face book e afins..

    Uma pena né Loli? mas como eu ja mencionei anteriormente: A tecnologia nos rouba a poesia de outrota;

    Embora seja uma mera aprendiz; A FILOSOFIA desse casal me encanta.

    Paz e Luz!

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  3. Oi Loli!

    Há algum tempo li a “Crítica da Razão Tupiniquim" de Roberto Gomes, citado lá no "Manual do Blefador".

    O que foi que houve com o amor romântico, não?! Antes, seu fôlego vinha das famílias que se opunham, de promessas trocadas, uma grande diferença de idade, de obstáculos e desencontros fatais.

    Hoje recai numa intimidade simulada, cuja experiência se reduziu ao blefe e a mediocridade de um clique. Uma avalanche de informações disponíveis, diferente do conhecimento. Uma repetição de sensações perdidas e reduzidas a um fim sem começo e sem nenhuma intensidade.

    Adorei ler-te aqui!

    Carinhos e beijos!!

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  4. Lolipop, todos falaram o que eu falaria.
    Uma pena, mesmo, que a tecnologia esteja acabando até com a inteligência dos jovens.Fico apreensiva quanto ao futuro dos meus netos...
    Feliz Páscoa para você e sua familia.

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  5. Oi Loli

    O romantismo foi trocado pelo querer saber mais que o outro, usar melhor a tecnologia. Há uma luta entre a beleza e o conhecimento da nova tecnologia.
    Sensacional o texto. Parabéns!

    Bjs no coração!

    Nilce

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  6. Querida Loli!
    Que beleza de texto! Pequeno e cheio de conteúdo e mensagem.
    Nem sempre o que está atrás da telinha é aquilo tudo que diz, devemos ter cautela neste mundo virtual a cada dia.
    bjs cariocas

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  7. Loli

    Que bom te encontrara aqui também. Parabéns pelo Blog de um grupo de amigos onde alguns ainda não conheço ,mas com certeza já estou a conhecer.
    Um conteúdo tão enriquecedor que para não perder seus posts já sou assinante.

    Uma pena que a tecnologia em grande parte tira todo aquela beleza e charme dos velhos tempos.

    Grande beijo

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