Ela queria poesia. Somente a porra da poesia! No amor não se interessava por sensações, nem energias ou sei-lá-o-que, mas pelas palavras. Não queria amor, queria palavras de amor. No sexo, idem. Não queria sexo, mas palavras de putaria. Ela queria uma mistura de proteção e desespero, ciúme e aconchego, cuidado e perigo. Entre toda confusão, queria palavras. Bons livros não bastavam, queria palavras-vivas. Palavras de carne e osso para a vida ficar tão boa quanto literatura. Só que ninguém falava as palavras certas do jeito completo e louco que ela queria. Ela estava em busca de um mundo-de-palavras, na falta delas, bolinavam inquietações no corpo. Dizia que eram pensamentos, mas pensamento é outra coisa. A inquietação era de outra ordem, de gente que respira outros ares. Pôs-se a pescar feito um marinheiro. Descobriu que seus peixes não eram peixes, mas desejos molhados. E só eram molhados os desejos pe(s)cados, pois só esses eram feitos de palavras.
As palavras proferidas dissecam nossas dúvidas, dão-nos o significado necessitado.
ResponderExcluirBeijos!!
Acho que é por isso que escrevo contos considerados impudicos...
ResponderExcluirAbraços. :)