Entre os livros dos quais muito ouvi falar aqui em casa durante toda a minha vida está “O morro dos ventos uivantes”, de Emily Brontë. Estranhamente nunca ouvi falar de qualquer livro da Jane Austen, a descobri sozinha quase. Li uns três ou quatro livros de Austen antes de ler o único escrito por Brontë, e talvez isso justifique minha opinião sobre “O morro dos ventos uivantes”: achei terrivelmente chato.
Na época que li, o fiz porque uma amiga disse que gostava muito dele, aí resolvi criar vergonha e ler o livro do qual tanto tinha ouvido falar. Confesso que imaginava um romance a la Austen. Comecei aguardando encontrar o encanto que está presente em cada linha de Jane, mas não encontrei. Aliás, não encontrei nada. Começa em nada e termina em nada. Voltas e voltas pra nada.
Não, não tenho argumentos para dizer porquê discordo dos que dizem que “O morro dos ventos uivantes” é um livro esplêndido. Aliás, não discordo. Como posso discordar do que eu não entendo? Não entendo como as pessoas podem ser tão fissuradas por um livro no qual há enrolação atrás de enrolação, pelo menos no meu ponto de vista.
Acho que a minha maior reclamação é quanto ao modo como a história foi escrita, e eis o porquê: desconfio que, o fato de ter lido e me encantado por Jane Austen antes, me fez não me agradar com Emily Brontë.
A história em si é boa. Um amor proibido, um amor angustiante, um amor intenso, um amor que não deu certo. Todos sabemos que histórias de amor que não dão certo ou que têm tudo para dar errado são as que mais encantam. Mas a Brontë conseguiu esculhambar com isso. Esculhambar não, ela apenas teve a capacidade de tornar uma história de amor que poderia ser encantadora em algo tedioso.
O Heathcliff é uma personagem fantástica. Tem uma história e uma personalidade interessantíssimas. Mas aí ele se apaixonar por aquela Catherine tosquinha que nem sabe o que quer da vida? E depois meter o próprio filho na vingança pessoal afetando alguém que não tem nada a ver com a história? Ok, essa ideia de vingança em família é curiosa, pode ser um bom ponto em um livro em teoria, mas na prática...
Quanto tempo precisa se arrastar entre o cara sofrer algo digno de vingança e ter um filho em idade suficiente para ser metido na vingança? Pois é, bastante. E nesse bastante só tem voltas e voltas. O livro é só voltas e voltas. Demorei dias para ler o livro (o que ainda fazia na esperança de que a coisa fosse se animasse) justamente por isso: ele me parecia arrastado e enrolado.
Não, não tenho nada contra quem ama o livro, muito menos contra quem o chama de clássico, apenas de me dou o direito de não entender a razão de toda essa fidelidade ao livro. De verdade, não entendo. Mas também não quero entender, então se poupe de tentar me explicar que é um bom livro. Foi uma leitura que não me agradou e isso não vai mudar por enquanto. Quem sabe daqui duas décadas eu encontre ânimo para reler “O morro dos ventos uivantes” na esperança de entender a razão de ser chamado de clássico e quem sabe entenda, ou talvez não. Até lá continuo a ir contra quem diz que a história de Brontë é uma positivamente angustiante, pra mim é entediante (e creio que não exista tédio positivo).
Ana Seerig
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Ana, você já é da família, néh nega?!?!
Obrigada pela participação e sim, volte sempre, a casa é toda sua!!!
Tu sabe que adorei participar e gosto de fazer parte desses especiais do Em Quantos.
ResponderExcluirUé, cadê o povo enlouquecido me xingando?? =P
Xii, Ana estou achando que todo mundo concorda com vc, viu? kkkkkkk
ResponderExcluirE Jaci, a tradução tem que ser muito ruim para as pessoas não gostarem do livro por conta disso! rsrsrsrs
Ana, eu li duas vezes e amei as duas. A segunda vez li depois de assistir à segunda versão no cinema, estrelada pela Juliette Binoche e o Ralph Fiennes. Assista e depois me conta se gosta ou não.
ResponderExcluirNo entanto, é um livro sombrio, o Heathcliff é mesmo um personagem estranho, temperamental.
Fiquei sabendo de uma versão mais moderna, de 2011, que não é boa. Assista à dos atores que citei acima. Depois de dar corpo a ele (na pessoa do Fiennes) vai entendê-lo melhor.
Beijo, Ana.
Beijo, Pan.
"Começa em nada e termina em nada. Voltas e voltas pra nada." acho que era essa a minha crítica no livro Clarissa, o livro nao tem objetivo, só quer enrolar mesmo.
ResponderExcluirOlha, nem posso comentar porque li há milhares de anos e me lembro de ter achado terrivelmente triste. Talvez releia...mas a minha pilha de leituras está tão alta...vou esperar mais um pouco. bj,
ResponderExcluirTá vendo Ana como os leitores do Em Quantos são civilizados?!?! Eles nem te esculacharam!!! rsrsrsr.... E sim, eu já li O morro umas boas três vezes, recentemente meu irmão fez um trabalho acadêmico sobre e uma vez mais mergulhei nesse mundo sombrio, é mesmo um livro tenebroso, mas vale a pensa, a visão que a Emily tem dos menos favorecidos o tom irônico com o qual ver certas coisas e a pacionalidade do amor mostrado por ela podem ser muito bons de ser lidos!!!
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