Os glutões,
nossos ancestrais tinham uma relação voraz com o alimento. Não importava muito
qual fosse ele. Saciar a fome era garantia de mais um dia vivo. Portanto não
primavam muito pela seleção. É verdade também que não havia muitas opções.
Temperos então, o que dizer? Mas também não havia culpa com relação à
quantidade nem com estética corporal.
Sendo o suficiente para repor energia estava bom demais. Afinal, depois iriam
precisar sair à caça novamente. E era também esse o seu trabalho. Os aperfeiçoamentos
que vieram com o tempo foram no sentido de melhorar seus métodos e diminuir os
esforços para adquirir seu produto alimentar.
O
trabalho, na medida do desenvolvimento relacional com a natureza foi ganhando
gosto e especialização. Com isso o
prazer ia aumentando. O homem descobrindo que com um instrumento novo,
conseguia obter com mais facilidade os meios necessários para a sua
subsistência.
Os
preguiçosos (que devem ter gerado os invejosos) passaram a disputar o produto tecnológico que
o outro inventou e a disputa ferrenha entre os homens passou a ser não só pela
comida, mas também pelos meios mais fáceis de consegui-la.
Bom,
de lá para cá, muita coisa se passou e muita gente conhece essa história de
como chegamos à mesa com toda a sofisticação moderna, com as culpas que vieram
junto do ato de comer e do tédio provocado pelo trabalho. Desde que o homem
deixou de fazer para si, com gosto e
teve que se sujeitar ao outro e ficar apenas com uma parcela de sua produção, trabalhar
e comer não tem mais o mesmo charme lá das cavernas.
O que botamos
para dentro e o que botamos para fora?
As angústias decorrentes desse
processo histórico, antropológico e sociológico resvalam no estômago e nas
crises decorrentes da insatisfação com o trabalho. Para dentro, enviamos
alimentos que nos causam prazer momentâneo e culpa imediata. Alguns colocam
outros agentes, menos alimentares e mais
tóxicos em sinal de rebeldia. Mas é opcional. Para fora, botamos ruminâncias
verbais. Alguns colocam balas e outras formas de agressão. Opção ou doença?
Vê como o sentimento de culpa nos faz mal? Deveria de ser um prazer e não forma de agressão ou mesmo considerada doença. Sentimento de culpa por algo prazeroso não deveria engordar. No caso, talvez não esteja associada à alegria e sim como válvula de escape para a ansiedade. Essa sim engorda, não é opção e sim doença. Bom fim de semana!! Beijus,
ResponderExcluirEu diria que é vício. Quando passo a fazer dieta, sinto uma vontade louca de me boicotar, mas com a persistencia fica cada vez mais fácil abdicar dos doces e gorduras.
ResponderExcluirolá a todos os 7!
ResponderExcluirGostei do blogue. E claro dos post sobre Agatha Christie.
Parabéns. continuem.
Façam-me também uma visita ao meu blogue:)
Cacá, falar de comida leva sempre a falar de culpa, de ansiedade, de castigo, enfim, há um preço a se pagar, para apreciar uma boa comida.
ResponderExcluirUm ato tão natural pode dar uma tese.
Junto com a comida, engolimos, na verdade, muita coisa mais!
Saudade de estar aqui.
Abraços!