Esta crônica é
para as pessoas que ainda conservam algum tipo de idealismo.
Gilberto
Dantas* fez uma ótima avaliação do estado de coisas no presente, de uma forma
que é inevitável não termos angústias e inquietações com o comportamento humano
numa civilização que, se fosse pra valer mesmo, a gente nunca seria saudosista.
Então ele resolveu inverter a lógica e já pensar naquilo que sempre desejou,
chamando isso de saudades do futuro. É como se você dormisse, tivesse um sonho
maravilhoso com coisas muito boas que iam lhe acontecer ainda e, de repente
acordasse. Nervoso, ficaria então pedindo
para voltar para aquele lugar distante e ainda não visitado, ou seja, o
longínquo “futuro”.
Já o Adhemar**, outro grande cronista e
poeta fez um artigo para falar de
projetos de vida, uma provocação aos amigos numa mesa de discussão acerca das
perspectivas de consciência , de desejos e de respostas para o estado de coisas
nada agradáveis que aí estão e de nossas ações diante delas. Por exemplo, ele
cita o fato de usarmos o álcool combustível, muito mais interessados no preço
que é menor do que o da gasolina, do que com o efeito estufa que causa o
consumo de petróleo e nem aí para a devastação assombrosa que a produção de
álcool da cana provoca na natureza. Tudo
é uma questão de facilitação da vida da gente e dane-se o resto. Ou seja
vivemos em busca de recompensas. Se não materiais (na maioria esmagadora das
vezes) pelo menos de reconhecimento através do grupo social em que estamos inseridos
irremediavelmente. No fundo, no fundo, é isso mesmo.
Então eu venho
aqui sugerir a ambos que fundemos uma agremiação. Não, não demos o nome de
partido, por favor, pois além de não conseguirmos adeptos muito bem
intencionados (e a agremiação não vai ter lugar para oportunistas) em quem
poremos as culpas? Eu quero eleger um culpado! Ou transferir as minhas culpas.
Não temos mais condição de fazer o que vivemos fazendo: individualizamos
problemas que são coletivos, coletivizamos as misérias e as desgraças humanas e
socializamos apenas sorrisos e murmúrios raivosos.
Ouvi uma frase
certa vez que todo pessimista é burro ou rico. Acho que ela foi elaborada por
um pessimista. Eu me enquadro no meio. Não da riqueza ou da burrice, mas entre
o pessimismo e o otimismo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário