sábado, 9 de junho de 2012

TERAPIA IV


EQUILIBRANDO
Vou exercer mais uma vez a minha sina (construída) de conciliador. Fui aprendendo com muito custo e tive que viver turrão por muitos anos, pois a resistência sempre foi enorme em ver que a vida constantemente nos empurra para a busca do equilíbrio. O meio termo vai ao encontro do morno. “Seja quente ou frio que se for morno eu te vomito” não funciona comigo.

Se ouço uma música com um som estridente ela até pode ser bonita mas incomoda . Se for baixa demais, inquieta pois não consigo aprecia-la integralmente pondo os sentidos para se acariciarem na audição que se espalha pelo corpo todo em uníssono. A comida é o melhor exemplo. Imagine sem tempero algum? Ou temperada em demasia? Aliás, tempero é uma palavra que simboliza equilíbrio. O trabalho tem que ser alternado com descanso, já que nem o corpo suporta, nem a cabeça consegue manter-se sã e fazer o corpo produzir sem um risco de acidente, doença ou o sono dominar independente da teimosia em manter-se de pé. A paixão é uma causadora de desequilíbrios mais difíceis de ser controlados. Em excesso provoca escárnio, transtorna, deixa o sujeito abestado e enlouquece. De menos é como uma comida sem tempero. Nos dois casos adia a chegada do amor ou mandam-no embora para sempre. A fé precisa de pilares bem sustentados para não transformar-se em fanatismo  ou em proselitismo hipócrita. O dinheiro não pode ser demais para não escravizar a pessoa a seu serviço e idolatria nem pode ser de menos a ponto de escravizar a pessoa a serviço de sua desesperada busca apenas para o básico cuja falta leva à calamidade ou ao extermínio. A alimentação, dizem os bons especialistas, deve ser balanceada. O organismo necessita dela em doses moderadas. Desde a antiguidade se dizia que “o seu alimento será o seu remédio e o seu remédio será o seu alimento.” Um trocadilho sábio. O lugar onde a gente mora: vamos comparar uma grande cidade com uma cidade pequena: quantas vezes não queremos ir morar num lugar tranqüilo, onde as coisas acontecem mais devagar e com menos suspense e violência. E quem mora lá nos lugares pequenos fica doido para vir para a cidade grande sob o argumento de que lá nada acontece.

Tem aquelas coisas que pela sua própria natureza não dão boas vindas a um meio termo. Cerveja? Gelada! Montanha russa? Quanto mais desafiadora, mais emoção! Saudade? Para libertá-la só revivendo o que a trouxe.

Meu senso crítico faz parte de um circuito que vive no automático. Só deixo desligado o botão do julgamento. Esse precisa de controle externo. Estou me habilitando à mediocridade e à elevação. Vou seguindo.

3 comentários:

  1. eu preciso viver muito pra chegar onde você está. sou sem duvida nenhuma uma pessoa de extremos!

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  2. Tudo que precisamos sempre ler. Você está me saindo um excelente filósofo. Nada como a vida, para nos ensinar. Nada como ser sábio, para apreender os sinais e captar as mudanças de que precisamos. Uma questão de coerência.
    Abraço, amigo. Bom fim de semana.

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  3. Excelentes medidas. Não é fácil o ponto ao equilíbrio, mas vamos tentando.

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