quinta-feira, 7 de julho de 2011

Nascente - Sobre um poeta...

 Poesia..algo muito profundo, e são infinitas. Traduz da forma mais abrangente o que vai na alma de um poeta. Sou completamente fascinada por elas.

Então pensei: "Tenho vontade de postar no Em Quantos uma poesia linda de alguém que eu conheça, evidente que não sei escrevê-las". Moacir Eduão e Cacá já são colaboradores do blog, mas existem mais..

Clodair (o poeta em questão) é Baiano, tranquilo, alma transparente (como a de todos os poetas) louco pela viola de Almir Sater (como eu). E a partir daí percebe-se de onde Moacir Eduão herdou tudo isso que ela posta aqui em nossa casa todas as semanas enriquecendo e alegrando nossas almas.. Clodair Eduão é irmão de Moacir e se auto define assim:

"Sou Poeta Amante da Arte, da Cultura, gosto de música, ler, escrever, cantar e fazer AMIGOS(AS), sou da PAZ e do BEM"...

Nascente

Onde brilha o sol,  eu sou o arrebol,
Com os sonhos renascem a esperança perdida,
Nessa fé dividida se renova a luta,
Onde o povo escuta é um grito de alerta,
Quando a porta é aberta qual o botão de uma flor,
É a água que brota de uma fonte de amor.


No sertão eu nasci caatigando o presente, 
Neste solo ardente sentimento que aflora,
Entre a fauna e a flora...Natureza? coitada!
Sou a sorte esperada neste mesmo abandono,
Sofre o medo e o engano a criança isolada.


O lamento só ecoa na garganta de humanos,
O menino que chora essa dor derradeira,
Quase a fé primeira no lamento dos outros,
É o presságio escondido desse pouco que resta,
Luz se mostra na fresta de um túnel distante.


Nos segredos constantes renascer de um outro dia,
Alegria, alegria a esperar pela sorte,
No nascente ou no norte, chega logo ou tardia,
Hoje sinto em minh'alma sentimentos de outrora,
Escrevendo a história desse fado perfeito,
Sertanejo no sangue de outros fatos a esse feito.

            (Clodair Eduão - Koló Farias)

...Ele que me apresentara o criador de bodes Elomar Figueira de Melo, e a cantoria, e Xangai. Ele que intermediou o abrandar do meu sentimento frente ao ébrio Eufrásio, nossso pai - amante de uma boa pinga. Minha mãe queria que eu só visse o pecado do vício. Mas ele chegava recitando versos enormes. Koló, meu mano, é um poeta que traz poemas com leveza. Sem a necessidade de um crivo, sem os recortes das escolas acadêmicas, ele vem com o sentimento de quem nasceu poeta, quase-morreu poeta, e ressurge, mais ainda poeta. Ao ressuscitar, não deixou de portar, entre seus comas, a composição, a guerra íntima, ideologias de um visionário com o amor pelo mundo comparado ao de Ghandi pela independência de seu povo. Koló não é meu irmão, apenas, ou meu amigo. Saimos do mesmo útero, mas quando nos vimos mais distantes, algo tornara nossa dispersão um erro. Escreve sua história, com o trato e a alma sertaneja, forte, espinhado, visionário. Sua história, vinda da infância rural, acata minha urbanidade sem preconceito. O homem que aceita as pessoas "comelação", ou seja, passa mel e própolis na dureza humana, branda e firmemente, apaziguando - se necessário -, na certeza do conhecimento de seu fazer cidadão. Exemplar, se permitiu ver a vida com outros olhos. Curou-se de vícios, rompeu relações com a cirrose que lhe matava, fez um transplante de fígado, e hoje nos alegra, derramando lágrimas como quem erupciona, irmão, vulcão, como tem que ser um poeta, sem deixar de ser o que é fora dos textos.

                                 (Por Moacir Eduão)



28 comentários:

  1. Eu sempre acho que os poetas tem um que de magos e a poesia é sempre uma coisa meio mistica que nos envolve néh Sônia... Diz o que a gente sente e não sabe falar, emociona!!!

    Obrigada por trazer os versos do Clodair!!!

    Cheros!

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  2. Poesia linda saida da alma. Noto que o poeta do nordeste sempre fala em esperança, fé, criança.
    Nosso nordeste é tão rico em arte, em gente, embora castigado pelas intempéries e abandonado pelas autoridades que comandam esse país.
    Poesia é o que sai do fundo do peito, mesmo. Sem máscaras.
    Bem vindo, Clodair/Koló.
    (emocionei-me, agora. Meu pai chamava-se Claudiano e algumas - pouquíssimas pessoas apenas, da família dele - o chamavam, muito de vez em quando - pois ele não gostava do apelido - de Coló. Saudade!)

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  3. Família de talento esta, hei? Que coisa linda, Sônia! Queria parabenizar o Clodair por tão belo poema. Abraços e ótimo final de semana a todos.

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  4. @Pandora
    Isso Pand!

    Eles sempre dizem tudo que vai na alma e não sabemos como dizer..

    Linda poesia.

    cheiro

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  5. @Evanir

    Oi Querida,
    Nós que te gradecemos imensamente,
    Nossa casa também é sua, volte!

    bj

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  6. @L�cia Soares
    Oi Lúcia,

    querida, você que me emocionou. Sempre me emociono quando você fala de seu pai..
    Verdade, a poesia setaneja sempre tem um lamento ou um grito por um mundo melhor e mais harmonioso.

    beijo

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  7. @Cac� - Jos� Cl�udio
    Verdada Cacá,
    Grande parte dessa família é especial,o avô desses moços (Severino Eduão) era tão gentil, doce,tinha uma aura tão boa..

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  8. Ah, eu também sou grade admiradora dos poetas e poesias!
    Vivo postando lá no meu blog, apesar de não saber fazê-las, mas adoro.
    Adorei a poesia do amigo baiano.
    Inclusive meu último post no Mãe Gaia tem duas poesias de peso, na minha voz, quem quiser conferir, passe lá.
    bjs cariocas

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  9. Eis uma bela homenagem ao querido irmão, poeta, Koló Farias. Ele que me apresentara o criador de bodes Elomar Figueira de Melo, e a cantoria, e Xangai. Ele que intermediou o abrandar do meu sentimento frente ao ébrio Eufrásio, nossso pai - amante de uma boa pinga. Minha mãe queria que eu só visse o pecado do vício. Mas ele chegava recitando versos enormes. Koló, meu mano, é um poeta que traz poemas com leveza. Sem a necessidade de um crivo, sem os recortes das escolas acadêmicas, ele vem com o sentimento de quem nasceu poeta, quase-morreu poeta, e ressurge, mais ainda poeta. Ao ressuscitar, não deixou de portar, entre seus comas, a composição, a guerra íntima, ideologias de um visionário com o amor pelo mundo comparado ao de Ghandi pela independência de seu povo. Koló não é meu irmão, apenas, ou meu amigo. Saimos do mesmo útero, mas quando nos vimos mais distantes, algo tornara nossa dispersão um erro. Escreve sua história, com o trato e a alma sertaneja, forte, espinhado, visionário. Sua história, vinda da infância rural, acata minha urbanidade sem preconceito. O homem que aceita as pessoas "comelação", ou seja, passa mel e própolis na dureza humana, brando e firmemente, apaziguando - se necessário -, na certeza do conhecimento de seu fazer cidadão. Exemplar, se permitiu ver a vida com outros olhos. Curou-se de vícios, rompeu relações com a cirrose que lhe matava, fez um transplante de fígado, e hoje nos alegra, derramando lágrimas como quem erupciona, irmão, vulcão, como tem que ser um poeta, sem deixar de ser o que é fora dos textos. Obrigado pelas palavras, meus amigos...

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  10. Coisa mais linda a declaração desse irmão. Adorei o Clodair, singelo mas profundo. Quero ler mais. Bjo!

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  11. @Fernanda Iasi
    Puro caráter isso Fernanda,
    quando há amor até as dificuldades são "ben vindas"..Fortalecem.

    bj

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  12. @Moacir Edu�o
    Oi Moá,
    Então tá né? rs
    Quando eu estava escrevendo sobre Koló pensei em contar sobre o transplante (ainda muito recente), mas eu não tinha esse direito, e Graças a Deus que não o fiz, porque contada por um poeta através de uma declaração de amor dessas é um exemplo a ser seguido. Moacir não se desgrudou de Koló durante todo esse processo de transplante, medo, incerteza e esperança, e ele me fazia lembrar uma frase que meu avô sempre dizia pra nós: "Que podemos avaliar o caráter de um homem pela forma que trata sua família", (falei isso pra você, lembra?)...Moacir se alegrava com as poesias de Koló, contava cada progresso, com a emoção e a felicidade de um menino.
    Meu avô também dizia que caráter é hereditário. Amor é isso!
    Obrigada por isso..
    CHEIROPRATÚ

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  13. Nessa estrada que seguimos, os caminhos são iguais, diferentes são as curvas em meio ao existir.
    Koló Farias.

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  14. Obrigado Cacá, Sônia Cristina e Bete Lilás pelas palavras de carinho que me serve mais de incentivo para continuar escrevendo poemas sobre a vida.
    Somos ispiração de de Deus, luz que nos guia.

    Koló Farias.

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  15. Obrigado Pandora, fiquei muito feliz com as suas palavras e elogios, me serve de insentivo para continuar escrevendo.

    Clodair Eduão (KOLÓ FARIAS).

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  16. Amiga Pandora, desculpe pelo erro de português nos meus agradecimentos, coloquei insentivo, mas o certo é incentivo.

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  17. @Moacir Eduão

    Emocionante, o amor sempre é algo que me faz suspirar, amor de irmão é lindo!!!

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  18. @Koló Farias O Poeta Que bom Koló, nunca cale suas palavras... Enquanto houver homens e mulheres na terra os poetas serão necessários.... Precisamos de vcs para conseguir sonhar!

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  19. APEGO

    Te trago, n'um trago;
    Um Choro um afago
    Um mês sem te ver.
    Ao invés tu aquí;
    Você se desfaz
    Tal qual a fumaça,
    Esquece que passa
    A dor que há de vir.
    Eu sou a lembrança!
    Que apaga a saudade,
    A idade me leva
    Sou água de rio.
    Correnteza que vai;
    Sou o calor do deserto
    E lareira no frio.
    Sentado à varanda!
    Me entorpeço com vinho.
    Me aqueço em teu corpo,
    E a taça quebrada;
    Mistura e carícias...
    Acalanto no ninho.

    KOLÓ FARIAS.

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  20. UM DIA

    UM DIA EU SOU;
    N'OUTRO DIA ME VOU.
    NESTE DIA EU MORRÍ
    N'OUTRO DIA EU ME VÍ,
    NUNCA MAIS JÁ SE FOI;
    SOU O TRIGO EO ARROZ
    NA INVERNADA DE HOJE.

    SOU O SEMBLANTE DE ONTEM!
    FUI ERRANTE NA FRANÇA,
    SOU A VIDA EM FESTA;
    SOU O SAMBA E A SERESTA,
    SOU A FLORESTA QUE DANÇA;
    SOU A MÚSICA QUE TOCA,
    SOU INFÂNCIA NO HOMEM
    FUI ALÉM DO SEI LÁ,
    FUI A FUGA E A VOLTA.

    Koló Farias.

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  21. Clodair Eduão(KOLÓ FARIAS)14 de julho de 2011 às 09:48

    O HOEMEM E A JANELA

    Sentado na cadeira de balanço;
    e o homem e o outro lado dela
    Idade,saudade,lembranças...pensar.
    Lá fora a chuva, janela embassada;
    e as pedras me vém...vidraça quebrada.
    Os pingos de lágrima, e o rosto molhado; na rua outro homem, um banco e a praça, o outro que passa, olha e disfarça; e as pedras em mim.
    Lembrei Madalena, o homem e a cruz, Maria e perdão; no amor de Jesus.
    Um brilho nos olhos, a vida e um trilho, a nuvem que passa, passado e presente.
    Coração alado, a faca e dois gumes, a dor e o pefume, nasci deste lume e da lama que cura.
    Sou fruta madura,na fome da massa, é a vida na praça, o homem e a janela, o espírito e a graça.

    KOLÓ FARIAS.

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  22. Clodair Eduão(KOLÓ FARIAS)14 de julho de 2011 às 09:48

    O HOEMEM E A JANELA

    Sentado na cadeira de balanço;
    e o homem e o outro lado dela
    Idade,saudade,lembranças...pensar.
    Lá fora a chuva, janela embassada;
    e as pedras me vém...vidraça quebrada.
    Os pingos de lágrima, e o rosto molhado; na rua outro homem, um banco e a praça, o outro que passa, olha e disfarça; e as pedras em mim.
    Lembrei Madalena, o homem e a cruz, Maria e perdão; no amor de Jesus.
    Um brilho nos olhos, a vida e um trilho, a nuvem que passa, passado e presente.
    Coração alado, a faca e dois gumes, a dor e o pefume, nasci deste lume e da lama que cura.
    Sou fruta madura,na fome da massa, é a vida na praça, o homem e a janela, o espírito e a graça.

    KOLÓ FARIAS.

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  23. Clodair Eduão (KOLÓ FARIAS)28 de julho de 2011 às 11:56

    FALAÇÃO

    MEUS ÓCULOS É ARMAÇAO;
    SOAM AS NOTAS SEM A CANÇÃO,
    MEUS OLHOS NÃO TEM VISÃO,
    MEU CORPO NÃO TEM AÇÃO,
    MEUS GESTOS SEM EMOÇÃO,
    NA VIDA SÓ ILUSÃO,
    PRO POVO SÓ ENGANAÇÃO,
    SENTIMENTOS SEM CORAÇÃO,
    SE PENSO É SEM NOÇÃO,
    SE CHORO NÃO TEM RAZÃO,
    SE RIU, FELICIDADE EM VÃO,
    FALAREI, FALARÁS, FALARÃO.
    SE CALO; É UM PONTO DE INTERROGAÇÃO;
    SEGREDOS...RETICÊNCIAS, E OBSERVAÇÃO.
    PAÍS SEM CULTURA, SEM ARTE E EDUCAÇÃO,
    QUAL O TEMPO QUE RESTA? PRA ESTÓRIA DESSSA NAÇÃO?

    Clodair Eduão - KOLÓ FARIAS.

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  24. Koló Farias O Poeta1 de agosto de 2011 às 14:04

    NA MODA

    ALFAIATE DESSE TERNO, E A MODA IMPOSTA EM MIM. ESSA INVERSÃO QUE MODELA, ANTIQUADOS NA PASSARELA, O OURO E O ALQUIMISTA.
    EXCLUSÃO DO MAGNÍFICO, IMPORTAÇÃO DE IDÉIAS, MALTRAPILHO? O QUE HÁ DE NOVO?
    A MODA CORROMPE O POVO, O VELHO QUE BEBE O LÕDO, DESFILES DESFIGURADOS.
    PALAVRAS QUE ME VESTEM, UM CORPO QUE SE MOSTRA,EM ETIQUETAS DESIGUAIS.
    NA PORTA A FECHADURA, ESTE PEITO RASGADO, QUE FINDA QUE VINGA, QUAL ROSTO NA FENDA. AQUELA SAIA RODADA; E NA OUTRA, AQUELE VESTIDO DE RENDA.

    Clodair Eduão-KOLÓ FARIAS.

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  25. TRISTE, TRANQUILO E CHEIRO

    EM OUTRAS LEMBRANÇA TE VEJO SERENO;
    EM TUA BOCA ME AFOGO,ESTE BEIJO AMENO.
    NAS CARAS PLANAS VEJO AS CAMAS, NAS QUAIS TE HABITAREI, TRANQUILO VEJO AS ASAS, E TRISTE TE VEJO CHORAR.
    NESTE IMENSO LAGO , EU INVENTO O MAR. INTENSO E QUIETO, SILÊNCIO E LÁGRIMAS, ESQUEÇO O MEDO, MAIS TARDE OU MAIS CEDO; TEU VÍCIO ME QUER.
    TE SINTO E DESEJO, ESSE CORPO ESSE JEITO, TE TRAGO NA FÉ; E EM TE EU ME VEJO.
    ESTE CRAVO ESSE LÍRIO, ESSE CORPO QUEM É? EM SUAS FORMAS DELIRO...NO TEU CHEIRO DE MULHER.

    Clodair Eduão - KOLÓ FARIAS.

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  26. TRISTE, TRANQUILO E CHEIRO

    EM OUTRAS LEMBRANÇA TE VEJO SERENO;
    EM TUA BOCA ME AFOGO,ESTE BEIJO AMENO.
    NAS CARAS PLANAS VEJO AS CAMAS, NAS QUAIS TE HABITAREI, TRANQUILO VEJO AS ASAS, E TRISTE TE VEJO CHORAR.
    NESTE IMENSO LAGO , EU INVENTO O MAR. INTENSO E QUIETO, SILÊNCIO E LÁGRIMAS, ESQUEÇO O MEDO, MAIS TARDE OU MAIS CEDO; TEU VÍCIO ME QUER.
    TE SINTO E DESEJO, ESSE CORPO ESSE JEITO, TE TRAGO NA FÉ; E EM TE EU ME VEJO.
    ESTE CRAVO ESSE LÍRIO, ESSE CORPO QUEM É? EM SUAS FORMAS DELIRO...NO TEU CHEIRO DE MULHER.

    Clodair Eduão - KOLÓ FARIAS.

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