Quase morri de tanto esperar. Fiquei assistindo as pessoas alegres mostrarem que receberam os seus volumes e nada do meu chegar! Fiquei com inveja, com tristeza e cheia de ansiedade. O livro veio aqui em casa, e acabou voltando para a filial dos correios porque o porteiro tinha ido almoçar, e os entregadores tiveram preguiça de interfonar. O maior disparate, foi que eles colocaram no site dos correios que "o destinatário estava ausente". Eu estava bem em casa na hora...
Enfim, depois de 4 dias que esse absurdo aconteceu, eis que entro pelo milésima vez no site dos correios para ver se o status mudou de "destinatário ausente" para "a caminho" ou coisa do tipo, mas para minha surpresa, o novo status era:" entrega efetuada". Morri de medo deles terem entregado no endereço errado, e alguém desconhecido ter embolsado minha obra prima rsss, aliais a nossa obra.
Só que aí lembrei que quem estava na portaria era o Jorge, e no outro dia ele esqueceu de avisar que uma encomenda tinha chegado para nós, e só o porteiro da noite é que avisou. Minha mãe na mesma hora ligou para a portaria e subornamos o Jorge com bolo e coca-cola. Sim, Jorge sobrevive de subornos rsss aqui no condomínio nada funciona sem o Jorge. Ele é porteiro, encanador eletricista e quebra-galho, como o Severino do Zorra Total. A única diferença é que o meu porteiro vive pedindo dinheiro e comida para todo mundo do prédio, nem meu sobrinho de dois anos escapou do seu famoso: "Me dá dez reais!". Ele diz que o menino tem que aprender desde cedo.
Mas enfim, com a promessa do bolo com a coca-cola lá subiu o Jorge com o pacotinho. Abri quase imediatamente, mas só depois do almoço que consegui pegar para ler de verdade. O meu conto reli umas 4 vezes, por causa da minha mania perfeccionista. Gostei mais deste conto que fiz do que o "Não foi dessa vez querido poeta" publicado no "Um pouco de nós", mas vi um bocado de hiatos. É claro que um texto que retrate divagações não precisa ter um raciocínio muito reto, afinal os pensamentos são circulares, mas acho que talvez eu não devesse ter sido tão metalinguística.
Deixando de lado minha auto-crítica, queria falar sobre os colegas que escreveram junto comigo. Li tudo, mas vou comentar alguns poucos que mais chamaram minha atenção para este post não ficar imenso, como os do Christian rss. Vou começar pela Janaína Cruz, que escreveu o poema Lisergia Natalina. O eu-lírico desse poema era um fumante que passava o Natal em família, vivendo toda a hipocrisia das relações forçadas e sentindo-se sempre só. Gostei porque durante a leitura eu só via fumaça kkkkkk. A Bia Hain do blog Revolta e Romance (tem o link dela aqui do lado) me encantou com a vovó italiana Bartira, aliais, Dona Bartira e sua família amorosa. Ela tinha uma bengala bem misteriosa...
"O céu escolheu" de Carmem Barros, lembrou muito a história dos meus pais porque o problema do relacionamento deles também eram as sogras de ambos lados. O do organizador desse projeto, o Christian, foi como eu esperava: polêmico, sem final feliz e muito reflexivo, porém muito bonito. Vou trazer um trecho do conto que bateu em mim e ficou:
"Porque os breves momentos que nos fazem felizes, são aqueles momentos em que sentimos que podemos fazer o que quisermos sem sermos julgados."
Para quem cresceu se sentido o estranho da família e da escola, essa frase é muito identificável. Eu não era lésbica, nem punk, gótica ou protestante, mas por não viver em função das fofoquinhas adolescentes de "quem fica com quem" na escola, ou por não gostar de andar maquiada e arrumada, e também por defender a minha crença em namorar somente quem eu estivesse mesmo apaixonada, eu fui excluída e um pouco perseguida também. O fato de eu ser cdf e gostar de pensar em coisas profundas também não ajudava mas o importante é que sobrevivi. Parabéns Christian! Adorei.
O conto da Ismália foi maneiro, adorei o espírito do Pietro, todo imaginativo e com seu jeitinho "espião", mas morri de pena quando ele descobriu que papai Noel não existe. O Conto do Jacques Fonseca foi hilário, o diálogo mais louco quem alguém poderia ter com o Papai Noel. Já a Jane dos Anjos também fez um texto sagaz, e me surpreendeu ao associar o papai Noel aos pedófilos, mas até que faz sentido se você olhar as estatísticas que ela traz. Foi lindo também como ela mudou sua visão do Natal por causa do filho. A Luciana Souza me emocionou com o presente de Juliano, a Nadia com a bondade de Serginho, e com uma referencia implícita de uma das minhas passagens favoritas da bíblia, que é quando Jesus diz que sempre que agasalharmos o pobre e o alimentarmos, é como se estivéssemos fazendo isso com Jesus.
O último conto, e talvez o que me emocionou mais, foi o da Sheila. Manu foi adotada por uma senhora pobre que a achou na lixeira, e a amou como uma avó faria. Um dia Dona Gracília explica porque as pessoas estavam festejando no dia 24 de dezembro. Manu, ao saber que se tratava de um aniversário topa fazer uma festa humilde em casa, onde apenas uma flor amarela indica uma ocasião especial. Ela reza pedindo que Deus deixe Jesus ir na casa dela, como se estivesse pedindo para o pai de uma amiguinho deixar o filho ir passar o dia na casa dela. A simplicidade do coração da criança é algo inesquecível.
Há outros contos muito bons nessa coletânea que não mencionei, mas foi só pra deixar um gostinho de quero mais em vocês. Comprem para dar de Natal atrasado para aquele amigo que vocês gostam, vai ser uma bela surpresa! Um beijo a todos e um feliz Natal. Amanhã volto para betar esse post com fotos. Boas festas!