Quando a minha primeira filha
nasceu, eu morava no interior de Minas e quis acompanhar o seu desenvolvimento
sem perder nada que estivesse ao meu alcance e capacidade de pai calouro. Chegada
a época da escolinha eu ia às reuniões, conversava com as professoras, ajudava nos trabalhinhos,
fazia a merenda, levava, buscava, enfim, participava da vida dela desde o
maternal. Empolguei-me tanto que lancei um movimento na cidade levantando a
bandeira de homens poderem ser titios de escolinha. A cidade era muito
conservadora e não fui à frente. Mas que eu gostaria, isso eu gostaria!
A tal da evolução que tanto
gostam de materializar em mídia, falas e teses meio esquisitas ficou em débito
com esse preconceito histórico (além dos já inumeráveis e cansativos). Por que
um homem não pode ser professor de maternal? A desculpa de não poder dar de
mamar não cola, já que as crianças quando vão para esses estabelecimentos já
são desmamadas. E as tias também não o fazem com alunos, salvo em situações excepcionais solicitadas e consentidas.
Inclusive, os pequenos costumam adquirir hábitos que a gente custa a evitar
neles em casa. Minha
filha mais nova, por exemplo, até os dois anos, só conhecia água e leite
materno como alimentos. Foi só ela voltar no segundo dia de escolinha e já
estava pedindo “resfilelante” e chips. Faz parte do processo de socialização,
no entanto, e cabe aos pais travarem uma batalha inglória contra os
considerados maus hábitos alimentares.
Outro argumento que antecipo seu
contraditório seria o da falta de jeito masculino com coisas frágeis e
delicadas (no caso, as crianças). Ora, se isso não faz mais parte de um passado
de triste memória, também não faz parte do presente tanta delicadeza maior do
lado feminino, visto que as notícias de maus tratos em creches e escolas
infantis não são poucas nos últimos tempos pelo Brasil afora! E seria uma ótima
oportunidade de abrandar modos e corações masculinos mais rudes. Afinal, nada
melhor do que a inocência e pureza para ensinar a nós um pouco de doçura na
vida.
Continuo em minha saga na defesa
dessa prerrogativa. Não mais para mim que acho ter passado do ponto. Mas para
jovens que aí estão, tantos sem perspectivas muito nobres e mais voltados para
um individualismo exacerbado do que para a construção de uma fraternidade que
as crianças tanto inspiram, estimulam e ensinam.
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