sábado, 28 de julho de 2012

ELEGENDO CULPADOS


Esta crônica é para as pessoas que ainda conservam algum tipo de idealismo.

Gilberto Dantas* fez uma ótima avaliação do estado de coisas no presente, de uma forma que é inevitável não termos angústias e inquietações com o comportamento humano numa civilização que, se fosse pra valer mesmo, a gente nunca seria saudosista. Então ele resolveu inverter a lógica e já pensar naquilo que sempre desejou, chamando isso de saudades do futuro. É como se você dormisse, tivesse um sonho maravilhoso com coisas muito boas que iam lhe acontecer ainda e, de repente acordasse. Nervoso,  ficaria então pedindo para voltar para aquele lugar distante e ainda não visitado, ou seja, o longínquo “futuro”.

 Já o Adhemar**, outro grande cronista e poeta  fez um artigo para falar de projetos de vida, uma provocação aos amigos numa mesa de discussão acerca das perspectivas de consciência , de desejos e de respostas para o estado de coisas nada agradáveis que aí estão e de nossas ações diante delas. Por exemplo, ele cita o fato de usarmos o álcool combustível, muito mais interessados no preço que é menor do que o da gasolina, do que com o efeito estufa que causa o consumo de petróleo e nem aí para a devastação assombrosa que a produção de álcool da cana  provoca na natureza. Tudo é uma questão de facilitação da vida da gente e dane-se o resto. Ou seja vivemos em busca de recompensas. Se não materiais (na maioria esmagadora das vezes) pelo menos de reconhecimento através do grupo social em que estamos inseridos irremediavelmente. No fundo, no fundo, é isso mesmo.

Então eu venho aqui sugerir a ambos que fundemos uma agremiação. Não, não demos o nome de partido, por favor, pois além de não conseguirmos adeptos muito bem intencionados (e a agremiação não vai ter lugar para oportunistas) em quem poremos as culpas? Eu quero eleger um culpado! Ou transferir as minhas culpas. Não temos mais condição de fazer o que vivemos fazendo: individualizamos problemas que são coletivos, coletivizamos as misérias e as desgraças humanas e socializamos apenas sorrisos e murmúrios raivosos.

Ouvi uma frase certa vez que todo pessimista é burro ou rico. Acho que ela foi elaborada por um pessimista. Eu me enquadro no meio. Não da riqueza ou da burrice, mas entre o pessimismo e o otimismo.







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