sábado, 24 de setembro de 2011

Como ele. Em duplo sentido: ser e devorar




Queria imitá-lo, mesmo que vivessem em épocas diferentes. Ela desejava que suas palavras se tornassem tão imortais quanto as dele.

Foi uma semana agitada. Muitos livros, trabalho, viagem e confissões entre amigas. Misturava tudo em doses homeopáticas.

A realidade entre eles era tão diferente. Outra vida, outro momento, outro país, outros bares! Quisera estar num terraço dum café elegante feito aquele em que ele trabalhava e escrevia enquanto tomava um uísque em boa companhia.

O que mais a impressionou foi a verossímilidade dele em narrar a própria história de um jeito tão simples e cativante. A decisão de abandonar o trabalho como jornalista para se dedicar exclusivamente a vida de escritor. As influências dos seus mentores, as amizades que o direcionavam e a firmeza do seu comportamento.

Ele não era nem um pouco bonzinho! Isso a encantava porque conferia contraste ao seu lirismo às avessas.

Não foi à toa que esse cara influenciou o cinema, conferindo expressividade ao filme.

Cometeu suicídio.

Não sabemos o motivo, nunca iremos saber. O que sabemos é que quando não falta nada, a coisa complica.

Não havia mais palavras para escolher, nada para mudar, a linguagem se bastava e os diálogos atingiram o ápice.

Conhecia os instantes capazes de conferir a eternidade. Nada mais restava a fazer. Eis o perigo da perfeição,

as causas adversas da felicidade.

3 comentários:

  1. Hemingway, certamente!
    Sabe-se lá o que leva alguém a atitude tão dramática? A neta também, muitos anos depois, se suicidou. Linda, rica, jovem.
    Definitivamente ninguém conhece o coração do outro.
    Beijo!

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  2. Exato, Lúcia!

    Giuliara ficou encantada por Hemingway...

    A história da neta eu não conhecia. Você tem toda razão, como diz o ditado: "o coração dos outros é terra em que ninguém manda".

    Beijão!

    PS. Vou voltar com minhas interações com mais frequência por aqui.

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  3. Bom dia.
    Parece que a vida só tem sentido, enquanto buscamos algo.

    Texto lindo!!

    (Cacá, no seu blog principal está impossível comentar, igual outros blogs mais.)

    Beijos.

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