segunda-feira, 30 de maio de 2011

PARTEIRA DE ESPINHOS, MÃE DE TEUS FILHOS

Salvo o sabor que a boca deduz,
a sedução é um tormento
aos póros úmidos.
A pele diz de si a seu amante.
A cor faz-se bela como é.
Do tempero, o reino que apimenta.
Suco vermelho de malagueta
no colo pulsante que atordoa...
Ah! E o perfume?
Rasga a penumbra,
enebria o crepúsculo,
faz a lua trêmula no espaço
como se reflete no mar.
E se cheira assim, que avance
rosa, crisálida, nasciso, margarida.
O jardineiro inquieto sorri,
meio abismado com a cena:
A flor lia Dostoiévski como
compunha uma lira.
A porta estandarte balançava
o lábaro e esperava Rainer Maria Rilke.
Pronto. A noite estava completa em Berlim,
fitada entre espinhos de quiabento,
filosofia de guris que com propriedades de um
Dom Quixote faziam moinhos de vento.
O sertão vai muito além dos retalhos,
das esteiras, do cangaço, do xique-xique.
Os sertanejos - filhos de parteiras - sabem partir pra bem perto:
Das mães parideiras para o mundo!

4 comentários:

  1. Lindo, Moacir.
    Não adianta, tudo o que você escreve merece estar documentado em um livro.
    Só vou eleogiar e lembrar-lhe da urgência de publicar seus poemas.
    Boa semana!

    "O sertão vai muito além dos retalhos,
    das esteiras, do cangaço, do xique-xique.
    Os sertanejos - filhos de parteiras - sabem partir pra bem perto:
    Das mães parideiras para o mundo!"

    Quer mais beleza do que nesta imagem? Abraços.

    ResponderExcluir
  2. Poema lindo, com um "Que" de sensualidade que me transportou para lugares que vivi no interior de um certo Estado que nasci.. E fazer risquinhos no chão com os espinhos de quiabento era uma brincadeira alegre e divertida, tempo bom em que meu único compromisso era saltitar o dia inteiro e descansar na sombra da barriguda (como diria Xangai) beijos meu.

    ResponderExcluir
  3. Obrigado pela assessoria, Fabiana. Essa parte estética já foi retransmitida para Sônia. Conversamos sobre ela incluir algumas imagens aos poemas. Com certeza, breve o visual será mais agradável. Começamos há pouco. As contribuições são sempre bem vindas para agradar leitores e leitoras. Abraços!
    Lúcia. O livro vai sair, no fim do ano.
    Sônia. As palavras são um meio de transporte mesmo. Elas tentam mesmo nos dizer onde ir - cidades invizíveis, reais, memorialísticos... Beijão!

    ResponderExcluir

Para receber as postagens por e-mail:

Digite seu email aqui:

Delivered by FeedBurner